quinta-feira, 28 de abril de 2011

Chico Xavier



O maior e mais prolífico médium psicógrafo do mundo em todas as épocas, Francisco Cândido Xavier nasceu em Pedro Leopoldo, modesta cidade de Minas Gerais, em 2 de abril de 1910, desencarnando no dia 30 de junho de 2002, filho de João Cândido Xavier e a mãe Maria João de Deus, que tiveram nove filhos: Maria Cândida, Luíza, Carmozina, José Cândido, Maria de Lurdes, Francisco Cândido, Raymundo, Maria da Conceição e Geralda. Sua mãe desencarnou em 1915 e, em 1960, seu pai.

Naquela época, o município mineiro de Pedro Leopoldo era uma cidade pequena, tranquila, de tradição bandeirante, sem atrações, vida pacata e comércio rudimentar, tendo apenas a agricultura como a base mais importante de subsistência.

A chegada da indústria pesada, do aço, fábricas de cimento e outras, causou uma grande transformação no município, ocasionando o desenvolvimento e o aumento populacional. Em consequência, a vida pacata passou a não fazer mais parte do cenário de Pedro Leopoldo. O município ficou conhecido nacionalmente a partir da década de 30, quando chegaram às grandes cidades as primeiras notícias da fama de Chico Xavier.

Em 1915, Dona Maria João de Deus, percebendo a gravidade de sua enfermidade e pressentindo o desencarne próximo, entregou seus filhos a pessoas amigas, para cuidarem de sua educação. Diante de tais circunstâncias, Chico foi entregue a sua madrinha, Dona Rita de Cássia, mais conhecida como Ritinha.

Percebendo a separação de sua família, o menino Chico perguntou a sua mãe o porquê daquilo estar acontecendo, sem compreender a gravidade da situação e, muito inocentemente, chegou a pensar que a mãe não os amava mais. Dona Maria, conseguindo superar as emoções, disse-lhe que se preparava para sair da casa em tratamento de saúde e que voltaria em breve para cuidar de todos. Resignado com a situação, aceitou as palavras finais de sua mãe, que veio a desencarnar no dia seguinte, 29 de setembro.
A Vida com sua Madrinha Dona Ritinha
Dona Ritinha levada por suas constantes crises nervosas, castigava Chico com surras que chegaram a acontecer até três vezes ao dia. A vida do menino era cheia de desilusão e provações, o que poderia tê-lo feito um ser revoltado e infeliz; contudo, isso não ocorreu por força da riqueza espiritual que possuía.

Desde os 4 anos de idade o menino Chico teve a sua vida assinalada por singulares manifestações. Seu pai chegou, inclusive, a crer que o seu verdadeiro filho havia sido trocado por outro. Aquele seu filho era estranho!

De formação católica, o garoto orava com extrema devoção, conforme lhe ensinara sua querida mãezinha, Dona Maria João de Deus, que o deixaria órfão aos 5 anos.

Dentro de grandes conflitos e extremas dificuldades, o menino ia crescendo, sempre puro e bom, incapaz de uma palavra obscena, de um gesto de desobediência. As "sombras" amigas, porém, não o deixavam...

Na escola, sentia a presença desses amigos auxiliando-o nas tarefas habituais. Chico sempre reconheceu que os seus primeiros anos o marcaram profundamente; ele nunca os esqueceu.

Um belo dia, Chico dirigiu-se à madrinha, muito feliz, dizendo que havia conversado com a mãe desencarnada, o que foi suficiente para receber uma surra extra. Essa conversa com sua mãe foi a primeira experiência de Chico no campo da mediunidade. No entanto, ele continuava a ter visões e conversas com sua mãe, o que sempre narrava à madrinha. Dona Ritinha decidiu então conversar a respeito com o pároco do local, o qual recomendou a Chico que rezasse mil Ave-Marias com uma pedra de 15 kg em cima da cabeça durante a procissão. Não bastasse isso, Chico foi atingido por algumas garfadas, o que algum tempo depois se transformou numa hérnia estrangulada, que o acompanhou até o final da vida.

Em suas visões, a mãe o aconselhava a ter paciência. Explicava-lhe que não podia levá-lo para junto de si e procurava ajudá-lo a superar os maus tratos da madrinha. Outro fato lamentável ocorreu quando Dona Ritinha soube que a única maneira de curar a ferida infeccionada de seu outro filho adotivo, o sobrinho Moacir, era Chico lamber a ferida durante três semanas seguidas, em completo jejum.

Incumbido dessa tarefa, Chico foi desesperado até o quintal, onde evocou o socorro de sua mãe; tendo recebido dela palavras que naquele momento lhe confortaram. E quando iniciou a penitência, percebeu com surpresa que sua mãe colocava um pozinho sobre a ferida. E assim, pouco depois a perna de Moacir estava curada.

Apesar de tantos maus tratos, até hoje nunca se ouviu uma só palavra atribuída a Chico Xavier queixando-se de sua madrinha. Ao contrário, ele diz que o temperamento de sua madrinha Rita era benévolo.

A necessidade de trabalhar desde cedo para auxiliar nas despesas domésticas foi, em sua vida, conforme ele mesmo o diz, uma bênção indefinível. A doença também viera precocemente fazer-lhe companhia: primeiro o problema nos pulmões, quando trabalhava na tecelagem; depois os olhos; e finalmente mais tarde a angina, que lhe fez companhia até seus derradeiros instantes de vida física.
Novo Casamento de seu Pai
A convivência de Chico com sua madrinha Dona Ritinha durou dois anos, pois, em 1917, seu pai casou-se pela segunda vez com Dona Cidália Batista, cuja união fez a família Xavier crescer com o nascimento de mais seis filhos: André Luís, Lucília, Neusa, Cidália, Doralice e João Cândido. Além disso, pelas bênçãos de Deus, Dona Cidália fez questão de reunir todos os filhos de João Cândido. Desse modo, Chico mudou-se para junto deles, para uma convivência de compreensão e carinho por dez anos, entre pai, mãe e quinze filhos!
Primeiro Fato Inexplicável
Os Espíritos continuavam a aparecerem e enviar mensagens por Chico, mas ele receava ser rotulado de louco se comentasse com alguém as conversas que mantinha com "almas do outro mundo”; embora percebesse o que se passava à sua volva e à sua revelia, não sabia explicar como os fenômenos se davam, inclusive no período de quatro únicos anos de instrução primária que recebeu.

Conta o próprio Chico que, em 1922, no primeiro centenário da Independência do Brasil, todos os alunos tiveram que apresentar uma dissertação sobre a data, e momentos antes de começar a dissertação Chico viu um homem ao seu lado ditando o que deveria escrever. Assustado, foi falar com a professora que o aconselhou a escrever o que ouvira, tranqüilizando-o: "Ninguém lhe disse nada. O que você ouviu veio de sua própria cabeça". Esse trabalho rendeu ao garoto Chico a sua primeira Menção Honrosa.
Dificuldades no Estudo Doutrinário
Era grande a dificuldade que o nosso Chico tinha para conciliar os ensinos Católicos, que lhe foram impostos, com as manifestações mediúnicas só explicadas pelo espiritismo. Contudo, resolveu se dedicar a ler sobre a Doutrina Espírita aos dezessete anos, justamente quando veio a perder sua segunda mãe Dona Cidália, que desencarnou no dia 19 de abril de 1931; resolvendo seu pai não mais se casar, até sua desencarnação ocorrida em 6 de setembro de 1960, na cidade de Pedro Leopoldo aos 92 anos de idade.

Chico prosseguiu em seus estudos doutrinários apesar de o padre Sebastião, que era o conselheiro da família e o mesmo que lhe receitou as mil Ave-Marias como penitência para acabar com as "assombrações", deixar bem claro que a igreja Católica não aprovava o Espiritismo.
Início da Mediunidade
Decidido, Chico aprofunda seus conhecimentos pesquisando Allan Kardec e se dedicando cada vez mais ao desenvolvimento mediúnico. No dia 7 de maio de 1927 participa de sua primeira reunião espírita.
Parceria com Emmanuel
O trabalho de psicografia de Chico Xavier foi iniciado em 8 de julho de 1927, em Pedro Leopoldo. Contando 17 anos de idade, recebeu as primeiras páginas mediúnicas.

Naquela noite dessa memorável data, os Espíritos deram início a um dos trabalhos mais belos de toda a história da humanidade. Foram dezessete folhas de papel preenchidas, celeremente, versando sobre os deveres do espírita-cristão.

Até o ano de 1931, Chico psicografou muitas poesias e mensagens, várias das quais foram publicadas, à revelia do médium, em jornais e revistas de todo o Brasil.

Nesse mesmo ano, tem a oportunidade de ver, pela primeira vez, o Espírito do nobre Benfeitor Emmanuel, seu inseparável mentor espiritual até o último dia de sua estada entre nós.

O conhecido Benfeitor Emmanuel, ao se apresentar ao médium, falou-lhe do trabalho que a espiritualidade tinha pré-estabelecido para eles, e se o Chico aceitasse a missão que era de divulgar o espiritismo, ele precisaria seguir três requisitos fundamentais, sem os quais o trabalho não lograria êxito.

Então lhe fez a seguinte pergunta: − Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com Jesus?

− Sim, se os bons Espíritos não me abandonarem... − respondeu o médium.

− Não será você desamparado − disse-lhe Emmanuel − mas para isso é preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem.

− E o senhor acha que eu estou em condições de aceitar o compromisso? − tornou o Chico.

− Perfeitamente, desde que você procure respeitar os três pontos básicos para o Serviço...

Porque o protetor se calasse, o rapaz perguntou: − Qual é o primeiro?

A resposta veio firme: − Disciplina.

− E o segundo? − Disciplina.

− E o terceiro? − Disciplina.
Orientação de Emmanuel ao Médium
A segunda mais importante orientação de Emmanuel para o médium é assim relembrada por Chico: Lembro-me de que num dos primeiros contatos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por longo tempo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e, disse mais, que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e de Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo.
Mudança para Uberaba
Em 5 de janeiro de 1959, Chico mudou-se para Uberaba, sob a orientação dos Benfeitores Espirituais, iniciando, nessa mesma data, as atividades mediúnicas, em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã. Começando daí em diante a famosa peregrinação que procedia aos sábados, saindo da "Comunhão Espírita Cristã" para visitar pessoalmente alguns lares carentes, levando-lhes a alegria de sua presença amiga, acompanhado por grande número de pessoas também dispostas a esse tipo de trabalho, sob a luz das estrelas e de um lampião que seguia à frente, iluminando as escuras ruas da periferia, ele ia contando fatos de grande beleza espiritual.

A cidade de Uberaba, desse modo, transformou-se num polo de atração de inúmeros visitantes das mais variadas regiões do Brasil, e até mesmo do exterior, que para lá se dirigiam com o objetivo de conhecer o médium. As cidades de Pedro Leopoldo e Uberaba estão no coração de Chico em igual plano, como ele sempre disse. Seu amor pelas duas cidades é assim justificado por ele: "Pedro Leopoldo é meu berço e Uberaba é minha bênção".
Produção Literária
No ano de 1932, saiu, publicado pela FEB, o seu primeiro livro, o até hoje famoso e discutido Parnaso de Além-Túmulo; sua produção, então, não teve mais fim, enquanto o médium esteve entre nós. Foi autor de 412 obras, várias delas traduzidas e publicadas em espanhol, esperanto, francês, inglês, japonês, grego etc.

Portador de uma moral ilibada, de uma humildade impressionante e de uma simplicidade incontestável, Chico Xavier jamais auferiu vantagens, de qualquer espécie, ou se apropriou de qualquer privilégio advindo da sua incomparável mediunidade.

Sua vida privada e pública tem sido objeto de toda especulação possível, na informação falada, escrita e televisionada; acusações e críticas ferinas foram por ele suportadas com o exemplo do verdadeiro espírita.

Viajou com o médium Waldo Vieira aos Estados Unidos e à Europa, onde visitaram a Inglaterra, a França, a Itália, a Espanha e Portugal, sempre a serviço da Doutrina Espírita.
Homenagens que Recebeu
Chico Xavier é hoje uma figura de projeção nacional e internacional, suas entrevistas despertam a atenção de milhares de pessoas, mesmo alheias ao Espiritismo; em todas as oportunidades em que esteve em programas de TV, respondendo a perguntas das mais diversas, pautou suas respostas pelos postulados espíritas. Foi homenageado com o título de Cidadão Honorário de várias cidades: São José do Rio Preto, São Bernardo do Campo, Franca, Campinas, Santos, Catanduva, em São Paulo; Uberlândia, Araguari e Belo Horizonte, em Minas Gerais; Campos, no Estado do Rio de Janeiro etc.

Foi eleito o “Mineiro do Século”, superando até mesmo personagens de destaque na história do Brasil e do mundo, como Santos Dumont, o pai da aviação. Além disso, a grande prova do reconhecimento popular pelo seu trabalho foi a forte campanha realizada para que recebesse o prêmio Nobel da Paz em 1981. Nesse encalço, aproximadamente dez milhões de brasileiros endossaram a campanha, assinando manifestos e cartas.
A Morte de Chico Xavier
Chico voltou à pátria espiritual na noite de 30 de junho de 2002, da maneira que sempre dissera que gostaria de morrer: em dia de alegria para o povo brasileiro. Foi atendido em seu propósito, visto que exatamente nessa data o Brasil conquistava a Copa do Mundo de Futebol pela quinta vez, num domingo inesquecível. Tinha 92 anos de idade, estava com vários problemas de saúde e teve uma parada cardíaca; Chico completaria 75 anos de atividade mediúnica no dia 8 de julho de 2002.

Só nos resta agradecê-lo por tudo que fez em benefício de toda a humanidade e dizer do fundo dos nossos corações saudosos:

"Muito obrigado, amigo Chico".
Alguns Fatos da Vida de Chico
2 abril 1910 − Nasce Francisco de Paula Cândido, nome de batismo, o Chico Xavier, na cidade mineira de Pedro Leopoldo, filho de João Cândido Xavier, vendedor de bilhetes de loteria, e de Maria João de Deus;

29 setembro 1915 − Morre sua mãe, Maria João de Deus;
Setembro 1915 − Chico Xavier vai morar com sua madrinha, Maria Rita de Cássia, amiga de sua mãe;
Dezembro 1917 − Seu pai casa-se com Cidália Batista, que reúne todos os filhos do marido novamente e Chico volta a viver em família;


Janeiro 1919 − Começa a frequentar o Grupo Escolar São José e a trabalhar na fábrica de tecidos;
1923 − Conclui o curso primário, após repetir a quarta série;
1925 − Começa a trabalhar no comércio. Primeiro, como auxiliar de cozinha no Bar do Dove. Em seguida, na venda de José Felizardo Sobrinho;
7 maio 1927 − Tem sua primeira experiência na Doutrina Espírita, quando sua irmã Maria Xavier Pena, doente e desenganada pelos médicos, é curada por meio de tratamento espírita;
21 junho 1927 − Torna-se secretário do recém-fundado Centro Espírita Luís Gonzaga, que funciona num barracão onde mora o seu irmão e também presidente do Centro, José Xavier;
8 julho 1927 − Psicografa, pela primeira vez, no Centro Espírita Luís Gonzaga e escreve 17 páginas com a assinatura final de Um Espírito amigo;
1928 − São publicadas suas primeiras mensagens psicografadas pelo matutino carioca O Jornal e, logo depois, peloAlmanaque de Notícias, de Portugal;
1931 − Aparece-lhe o que chama de seu Mentor espiritual ou Espírito-guia, que pede para ser chamado de Emmanuel;
Março 1931 − Morre Cidália Batista, sua madrasta e amiga;
1931 − Psicografa pela primeira vez um poema com a assinatura de um morto: o poeta fluminense Casimiro Cunha (1880-1914). Poeta menor, mas com uma particularidade: espírita convicto e confesso;
1932 − Edita seu primeiro livro, Parnaso de Além-Túmulo, uma coletânea de 59 poemas assinados por 14 grandes poetas brasileiros já falecidos: Castro Alves, Casimiro de Abreu, Augusto dos Anjos, Guerra Junqueira, entre outros;
1935 − Entra para o Ministério da Agricultura, trabalhando na Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo;
1939 − Passa a psicografar os trabalhos do escritor maranhense Humberto de Campos, morto em 1934 e, no mesmo ano, lança o livro Crônicas de Além-Túmulo, com textos do escritor falecido;
1940 − Fica gravemente doente. Os médicos preveem um ataque de uremia, o que não chega a ocorrer;
1944 − É processado pela família do escritor Humberto de Campos, que exige parte dos direitos autorais dos livros psicografados, mas a justiça decide a favor do médium, que passa a usar o pseudônimo de irmão X para identificar, mais tarde, os livros do escritor psicografado;
1944 − Publica o livro Nosso Lar, que se torna um verdadeiro best-seller entre as publicações espíritas, chegando a uma tiragem de 1.277.000 exemplares;
1946 − Fica doente, vítima de tuberculose;
1951 − É operado de uma hérnia estrangulada;
1958 − Amauri Xavier Pena, sobrinho de Chico Xavier, filho de sua irmã Maria Xavier, também espírita e psicógrafo, declara aos jornais que, por se sentir amargurado por crises de consciência, decide contar que tudo o que já havia psicografado é criado por ele mesmo, sem nenhuma interferência dos Espíritos, assim como o seu tio;
1959 − Muda-se para Uberaba (MG), fugindo do escândalo causado pelas declarações do sobrinho Amauri Xavier Pena;
1960 − Publica, em parceria com o também médium Waldo Vieira, o livro Mecanismos da Mediunidade;
1963 − Aposenta-se, após 30 anos de serviços prestados como auxiliar de serviço na antiga Inspetoria Regional do Serviço de Fomento da Produção Animal, por incapacidade;
1965 − Vai aos Estados Unidos a fim de difundir o espiritismo e para fazer um tratamento oftalmológico;
1969 − Viaja a São Paulo para se submeter a uma cirurgia na próstata;
3 janeiro 1972 − Concede uma entrevista de quatro horas na extinta TV Tupi, num programa chamado Pinga-Fogo, o que atrai cerca de 20 milhões de telespectadores;
Junho 1975 − Anuncia que encerrará, aos 65 anos de idade, suas atividades mediúnicas, devido ao desgaste físico e por não conseguir superar o processo de hipotensão, surgido em 1973;
1976 − Tem sua primeira crise de angina de peito;
Março 1980 − É indicado para receber o Prêmio Nobel da Paz de 1981, numa campanha liderada pelo então diretor da Rede Globo, Augusto César Vanucci;
Setembro 1983 − Coloca, pela primeira, sua voz em quatro LPs, lançados pela gravadora Fermata, para transmitir suas mensagens de paz. Os discos trazem apenas o nome de Chico Xavier na capa, ao lado de um desenho de seu rosto;
28 junho 1985 − João Francisco de Deus é julgado inocente da morte de sua mulher Gleide Maria Dutra, morta com um tiro no pescoço, no dia 1º. de março de 1980. Cartas de Gleide, inocentando João Francisco, psicografadas por Chico Xavier, nove meses após sua morte, foram usadas pela defesa do acusado;
Agosto 1985 − Recebe a visita de D. Risoleta, viúva de Tancredo Neves, morto em abril de 1985. Ela, porém, nunca recebeu mensagens do marido;
15 outubro 1989 − Recebe uma visita do então candidato à presidência da República, Fernando Collor de Mello, apoiando, pela primeira vez, um candidato a presidente;
Maio 1991 − Já eleito presidente, Fernando Collor de Mello visita-o novamente;
27 fevereiro 1993 − É procurado por Glória Perez, mãe da atriz Daniela Perez, assassinada no final de 1992. Glória pede a Chico Xavier notícias de sua filha;
18 setembro 1995 − Um enfisema pulmonar o deixa com apenas 35 quilos e preso a uma cadeira de rodas;
1997 − Publica o livro de poesias Traços de Chico Xavier;
1998 − Publica o livro Caminho Iluminado, do benfeitor Emmanuel;
1999 − Publica seu último livro Escada de Luz, perfazendo um total de 412 obras publicadas, muitas delas traduzidas em diversos idiomas e até em braile.

O Centro Espírita na Visão de Chico
Os centros espíritas devem ser locais de oração, trabalho e estudo. Conhecer o Espiritismo é de fundamental importância, mas, segundo Emmanuel me tem ensinado, esse conhecimento necessita ser traduzido na prática, a começar pelo entendimento entre os companheiros que constituem a equipe de cooperadores da casa. O fenômeno em um tempo de orientação kardecista deve ser acessório e, nunca, sem dúvida, atividade especial.

Para mim, centro espírita tinha que abrir todo dia, o dia inteiro... Se é hospital, como dizemos, como é que pode estar de portas fechadas?... O centro precisava se organizar para melhor atender os necessitados. O que impede que o centro espírita seja mais produtivo é a centralização das tarefas; existe dirigente que não abre mão do comando da instituição... Ora, de fato, a instituição necessita de comando, mas de um comando que se preocupe em criar espaço para que os companheiros trabalhem, sem que ninguém esteja mais preocupado com cargos do que com encargos...

O centro espírita, quanto mais simples, quanto mais humilde, mais reduto do Evangelho. Construções colossais sempre me parecem destituídas de espírito... A Sociedade Espírita de Paris era uma sala de acanhadas dimensões: ali imperava o espírito de fraternidade.

As reuniões nos centros espíritas poderiam ser mais produtivas. Existe dirigente que abre e termina a sessão olhando o relógio... Não posso dar palpite no centro dos outros − Emmanuel me mandaria conservar a boca fechada −, mas a gente fica triste com os centros espíritas que funcionam apenas meia hora durante a semana...

Não precisamos esperar a formação de um grupo espírita para recepção de pessoas santas; vão chegar primeiro os mais infelizes; vão contar as mágoas, às vezes até os seus crimes; vêm em busca de amor...

Não somos donos do Movimento, a casa espírita não tem donos... Vamos criar oportunidade para o crescimento dos outros. Ninguém precisa anular ninguém... Sobra espaço para as estrelas no firmamento! Todas podem brilhar à vontade...

Se um amigo, ou os amigos, não têm paciência conosco, os grupos não prosperam, não frutificam em amor, em esperança, no socorro espiritual...

O centro espírita deve ser tocado como uma escola, ou seja, devemos estar dentro dele para aprender... Não é só para a mediunidade, para o passe ou para a desobsessão... Precisamos estudar as lições de Jesus, as interpretações de Allan Kardec, e vivenciá-las, cuidando de nós mesmos, de nossa necessária renovação íntima...

Registro feito por Humberto Vasconcelos em artigo publicado no Jornal Espírita de Pernambuco, edição 72


Chico Responde
Durante a entrevista, perguntaram ao Chico: − Chico, estão querendo separar a parte científica, filosófica e religiosa da Doutrina, dizendo que o Espiritismo não é religião, isto é, estão querendo tirar Jesus do Espiritismo. O que você acha de tudo isso?
A Resposta não se fez esperar:
− Se tirarmos Jesus do Espiritismo, vira comédia. Se tirarmos Religião do Espiritismo, vira um negócio. A Doutrina Espírita é ciência, filosofia e religião. Se tirarmos a religião, o que é que fica?
A filosofia humana, embora seja uma conversa sem fim, tem ajudado a clarear o pensamento, mas não consola perante a dor de um filho morto.
A ciência humana, embora seja uma pergunta infindável, está aí em nome de Deus.
Antigamente tínhamos a varíola, mas Deus, inspirando a inteligência humana, nos deu a vacina e hoje a varíola está quase eliminada da face da terra.
Sofríamos com o problema da distância, mas a bondade divina, inspirando a cabeça dos cientistas, nos trouxe o motor. Hoje temos o barco, o carro, o avião suprimindo distâncias... o telefone aliviando ansiedades... a televisão colocou o mundo dentro de nossas casas...
Tínhamos medo da escuridão, mas a misericórdia divina nos enviou a lâmpada, através da criatividade humana.
A dor nos atormentava, mas a compaixão divina nos enviou a anestesia.
Há, porém, uma coisa em que a ciência não tem conseguido ajudar. Ela não tem conseguido eliminar o ódio do coração humano. Não há farmácias vendendo remédios contra o egoísmo, o orgulho, a vaidade, a inveja, o ciúme... Não podemos pedir misericórdia a um computador.
Jesus, porém, está na nossa vivência diária, porquanto em nossas dificuldades e provações, o primeiro nome de que nos lembramos, capaz de nos proporcionar alívio e reconforto, é JESUS.
De maneira que se tirarmos a religião do Espiritismo fica um corpo sem coração, se tirarmos a ciência fica um corpo sem cabeça e se tirarmos a filosofia fica um corpo sem membro.
(Entrevistas com Chico Xavier).

O Retorno do Apóstolo Chico Xavier
Quando mergulhou no corpo físico, para o ministério que deveria desenvolver, tudo eram expectativas e promessas.
Aquinhoado com incomum patrimônio de bênçãos, especialmente na área da mediunidade, Mensageiros da Luz prometeram inspirá-lo e ampará-lo durante todo o tempo em que se encontrasse na trajetória física, advertindo-o dos perigos da travessia no mar encapelado das paixões, bem como das lutas que deveria travar para alcançar o porto de segurança.
Orfandade, perseguições rudes na infância, solidão e amargura estabeleceram o cerco que lhe poderia ter dificultado o avanço, porém, as providências superiores auxiliaram-no a vencer esses desafios mais rudes e a crescer interiormente no rumo do objetivo de iluminação.
Adversários do ontem, que se haviam reencarnado também, crivaram-no de aflições e de crueldade durante toda a existência orgânica, mas ele conseguiu amá-los, jamais devolvendo as mesmas farpas, os espículos e o mal que lhe dirigiam.
Experimentou abandono e descrédito, necessidades de toda ordem, tentações incontáveis que lhe rondaram os passos ameaçando-lhe a integridade moral, mas não cedeu ao dinheiro, ao sexo, às projeções enganosas da sociedade, nem aos sentimentos vis.
Sempre se manteve em clima de harmonia, sintonizado com as Fontes Geradoras da Vida, de onde hauria coragem e forças para não desfalecer. Trabalhando infatigavelmente, alargou o campo da solidariedade, e acendendo o archote da fé racional que distendia através dos incomuns testemunhos mediúnicos, iluminou vidas que se tornaram faróis e amparo para outras tantas existências.
Nunca se exaltou e jamais se entregou ao desânimo, nem mesmo quando sob o metralhar de perversas acusações, permanecendo fiel ao dever, sem apresentar defesas pessoais ou justificativas para os seus atos.
Lentamente, pelo exemplo, pela probidade e pelo esforço de herói cristão, sensibilizou o povo e os seu líderes, que passaram a amá-lo, tornou-se parâmetro do comportamento, transformando-se em pessoa de referência para as informações seguras sobre o Mundo Espiritual e os fenômenos da mediunidade.
Sua palavra doce e ungida de bondade sempre soava ensinando, direcionando e encaminhando as pessoas que o buscavam para a senda do Bem.
Em contínuo contato com o seu Anjo tutelar, nunca o decepcionou, extraviando-se na estrada do dever, mantendo disciplina e fidelidade ao compromisso assumido.
Abandonado por uns e por outros, afetos e amigos, conhecidos ou não, jamais deixou de realizar o seu compromisso para com a Vida, nunca desertando das suas tarefas.
As enfermidades minaram-lhe as energias, mas ele as renovava através da oração e do exercício intérmino da caridade.
A claridade dos olhos diminuiu até quase apagar-se, no entanto a visão interior tornou-se mais poderosa para penetrar nos arcanos da Espiritualidade.
Nunca se escusou a ajudar, mas nunca deu trabalho a ninguém. Seus silêncios homéricos falaram mais alto do que as discussões perturbadoras e os debates insensatos que aconteciam a sua volta e longe dele, sobre a Doutrina que esposava e os seus sublimes ensinamentos.
Tornou-se a maior antena parapsíquica do seu tempo, conseguindo viajar fora do corpo, quando parcialmente desdobrado pelo sono natural, assim como penetrar em mentes e corações para melhor ajudá-los, tanto quanto tornando-se maleável aos Espíritos que o utilizaram por quase setenta e cinco anos de devotamento e de renúncia na mediunidade luminosa. Por isso mesmo, o seu foi mediunato incomparável.
...E ao desencarnar, suave e docemente, permitindo que o corpo se aquietasse, ascendeu nos rumos do Infinito, sendo recebido por Jesus, que o acolheu com a Sua bondade, asseverando-lhe:
− Descansa, por um pouco, meu filho, a fim de esqueceres as tristezas da Terra e desfrutares das inefáveis alegrias do reino dos Céus.
Joanna de Ângelis
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 2 de julho de 2002, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia).

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