quinta-feira, 21 de abril de 2011
Em dia com o Espiritismo - O Planeta Azul
A Terra é azul!” – foram as emocionantes palavras do astronauta russo Yuri Alekseyevich Gagarin (1934-1968), proferidas quando viu o nosso Planeta no espaço, pela primeira vez, voando a 315km de altitude a bordo da nave Vostok I, há exatos 50 anos, em 12 de abril de 1961. Tal viagem é considerada marco inicial da conquista do espaço pela Humanidade, ainda que, em 1957, os soviéticos tenham lançado o primeiro satélite artificial, o Sputinik, e, no mesmo ano, tenham colocado em órbita planetar o primeiro ser vivo: a cadelinha Laika.
Yuri Gagarin, o primeiro humano a orbitar a Terra, foi um astronauta russo de origem humilde, nascido na aldeia de Klushino (rebatizada para Gagarin em 2007), cujos pais, Alexey Ivanovich Gagarin e Anna Timofeyevna Gagarina, não passavam de simples camponeses, trabalhadores de uma fazenda coletiva (kolkhoz), na Rússia. “Graduado em engenharia, recebeu treinamento como piloto de combate [caça], sendo selecionado para ser astronauta em 1960. Tornou-se herói nacional depois do seu voo de 108 minutos de uma única órbita em torno da Terra. Morreu num desastre aéreo enquanto treinava para uma futura volta ao espaço.”1
A indagação intrigante que se faz é: “Por que a Terra é azul?”
Um dos motivos é a extensa quantidade de água existente na sua superfície de 510 milhões de km2, sendo que 70,8% desse espaço é ocupado por água e 29,2% pelos continentes. A água no estado líquido reflete a luz do Sol, já decomposta na atmosfera terrestre (como se fora um prisma), difundindo a radiação do espectro solar na banda luminosa da cor azul, cujas ondas são de 455 a 492 nanômetros de comprimento:
Parte da luz amarela do Sol é absorvida pelo planeta e parte é devolvida para o espaço. Os elementos químicos presentes no ar absorvem ou refletem a luz em diferentes comprimentos de onda, identificados pelos nossos sentidos como cores–violeta, azul, verde, amarelo, laranja, vermelho [...].2
Dessa forma, a Terra é azul porque a luz do Sol é refletida na atmosfera planetária, constituída principalmente de nitrogênio e moléculas de oxigênio, produzindo coloração azul. Mas há outros fatores relacionados: órbita/rotação terrestres, a distância do Sol e estrutura química:
A Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol. É o maior dos planetas rochosos e se formou
há 4,56 bilhões de anos. A estrutura interna da Terra é similar à de seus vizinhos, mas é única no sistema solar por ter água líquida abundante e atmosfera rica em oxigênio. [...].3
A Terra orbita ao redor do Sol na “[...] velocidade média de 108.000km/h no sentido anti-horário, quando vista do Polo Norte. Ela tem uma órbita elíptica e, em consequência, recebe 7% mais radiação solar em janeiro do que em julho”.3 Quanto à sua estrutura química, a Terra possui três camadas e respectivos elementos:
O núcleo central, com diâmetro de 7.000km, é formado essencialmente de ferro com uma pequena fração de níquel, tendo uma porção central sólida com temperatura de cerca de 4.700ºC, e uma parte exterior líquida. Em torno do núcleo está o manto, com cerca de 2.800km de profundidade, contendo rochas ricas em magnésio e ferro. A crosta terrestre é composta de diversos tipos de materiais e rochas, com predomínio de silicatos, e é diferenciada numa crosta continental e oceânica mais fina.3
A Terra representa minúsculo ponto no espaço universal, como afirmou Kardec:
[...] a Terra nada é, ou quase nada, no sistema solar; que este nada é, ou quase nada, na Via Láctea; esta, por sua vez, nada, ou quase nada, na universalidade das nebulosas e essa própria universalidade bem pouca coisa dentro do imensurável infinito [...].4
Tem, contudo, diferente valor para cada habitante, como afirmou Druso, diretor da “Mansão Paz”, situada em regiões inferiores do plano espiritual:
[...] Para o astrônomo, é um planeta a gravitar em torno do Sol; para o guerreiro é um campo de luta em que a geografia se modifica a ponta de baionetas; para o sociólogo é amplo reduto em que se acomodam raças diversas; mas, para nós, é valiosa arena de serviço espiritual, assim como um filtro em que a alma se purifica, pouco a pouco, no curso dos milênios [...].5
A Terra é a nossa morada, local de aprendizado e melhoria espiritual, sob o amparo de Jesus, nosso guia maior. Precisamos, então, preservá-la da destruição pelo uso adequado dos recursos naturais, agindo com inteligência e equilíbrio. Como primeira medida, se faz necessário considerar a Natureza uma dádiva divina, de acordo com Emmanuel:
– A Natureza é sempre o livro divino, onde as mãos de Deus escrevem a história de sua sabedoria, livro da vida que constitui a escola de progresso espiritual do homem, evolvendo constantemente com o esforço e a dedicação de seus discípulos.6
As medidas subsequentes decorrem do processo educativo de não destruir nem agredir o santuário terrestre, conscientes de que a destruição necessária, presente na natureza, “tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos”.7 Tal condição é bem diferente da destruição abusiva, que compromete a existência dos seres vivos no Planeta, inclusive a espécie humana:
A necessidade de destruição se enfraquece no homem à medida que o Espírito domina a matéria. É por isso que o horror à destruição aumenta com o desenvolvimento intelectual e moral.8
Urge preservar o nosso Planeta Azul, cuja beleza se destaca na escuridão do espaço sideral, como atestam as seguintes palavras do cosmonauta brasileiro Marcos César Pontes (1963-), o primeiro sul-americano e o primeiro lusófono a ir ao espaço, integrante da “Missão Centenário”, uma referência à comemoração dos cem anos do voo de Santos Dumont (1873-1932) no avião 14 Bis, realizado em 1906:
Com os olhos brilhando feito uma criança, Pontes, de 43 anos, tenente-coronel da Aeronáutica, disse ter se recordado de sua mãe ao notar pela primeira vez, com a própria vista, a veracidade da afirmação de Gagarin. “Existe uma luz na superfície da Terra, na atmosfera. Há uma expressão científica para isso, mas não quero entrar nesse aspecto. O aspecto que quero destacar é a beleza que isso tem. Quando você vê aquilo, parece uma energia. É inacreditável a beleza”, lembrou. E completou em tom emocionado: “Você imagina todas as pessoas que estão neste planeta. É como se a Terra fosse nossa mãe. Foi por isso que a primeira coisa que pensei foi na imagem de planeta-mãe e me lembrei dos olhos da minha mãe”, disse, referindo-se a dona Zuleika Navarro Pontes, falecida em junho de 2002.9
Em 30 de março de 2006, Marcos César Pontes viajou para fora do Planeta até a Estação Espacial Internacional (ISS), a bordo da nave russa Soyuz TMA-8. Retornou à Terra em 8 de abril do mesmo ano, a bordo da nave Soyuz TMA-7. Ele tem razão ao afirmar que a Terra é nossa mãe. Na verdade, uma mãe exemplar, que cuida com devoção dos filhos e lhes dedica irrestrito amor.
Da nossa parte, porém, é necessário retribuir-lhe o respeito que merece, a fim de que seja mantida sua beleza, grandeza e segurança, seguindo este importante conselho:
Melhoremo-nos para que a nossa residência melhore. Ajudemo- nos, para que a vida, em nosso plano, se faça menos dolorosa e menos inquietante. E, convertendo nosso mundo, pouco a pouco, no santuário vivo em que Jesus se manifeste, estejamos convictos de que a Terra [...] se transformará no espelho divino em cuja face a glória de Deus se refletirá.
Marta Antunes Moura
Reformador Abril de 2011
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