domingo, 1 de maio de 2011
Federação Espírita Paraibana
Conheça a FEPB
História do Espiritismo na Paraíba - missão
A Federação Espírita Paraibana (FEPb), fundada dia 17 de janeiro de 1916, é uma sociedade civil, educacional, cultural, religiosa e sem fins lucrativos. Seu objetivo é estabelecer o processo de unificação estadual do Movimento Espírita, além de congregar as sociedades espíritas da Paraíba, bem como fortalecer, ampliar e aprimorar suas ações. Também promover e incentivar o estudo, a difusão e a prática do Espiritismo, com base nas obras da Codificação de Allan Kardec e no Evangelho de Jesus, além da prática da caridade espiritual, moral e material, dentro dos princípios espíritas. Por fim, colocar o Espiritismo ao alcance e a serviço de todos.
A semente do ideal
Tudo começou nos idos de 1916. A Parahyba do Norte era a capital da então Parahyba. Uma época em que exceções de pessoas se “atreveriam” a falar de Espiritismo. Eram os destemidos e audaciosos, de raciocínio largo, que liam, dialogavam, conheciam a Doutrina Espírita. Não havia ainda um núcleo ou centro espírita, mas o livro Espírita estava ali, garantindo a ousadia para se ultrapassar as fronteiras do preconceito. As dificuldades foram inúmeras para os desbravadores, mas o desafio era maior.
O que existiam eram apenas “Sessões de Caridade”, que aconteciam em residências onde eram atendidos os necessitados. Naquelas sessões a mediunidade aflorava em pessoas simples e sinceras, produzindo os mais extraordinários fenômenos de cura, vidência, clarividência, psicografia, psicofonia que maravilhavam e assombravam de estupefação a todos os presentes. Foi na residência do cidadão Manoel Alves de Oliveira que se realizavam uma dessas “Sessões de Caridade”, onde eram atendidas pessoas de todas as condições sociais, com a doutrinação de espíritos enfermos, o passe, a água fluidificada e o consolo da Doutrina dos Espíritos.
Mas foi ali, naquele lar, que um reduzido número de pessoas resolveu fundar uma Sociedade Espírita e então surgia a indagação: que Sociedade? Um modesto Centro Espírita ou Núcleo Espírita que seria mais fácil conduzir, num tempo em que não havia segurança para funcionar e as hostilidades estavam às vistas. Não! Eles decidiram fundar uma Federação. Outro questionamento surgia célere: Por que Federação? No presente não se têm notícias sobre a existência de algum sobrevivente dentre o grupo de pessoas que participaram da fundação, para apontar com certeza de quem foi à idéia, mas que foi uma iluminada inspiração não se discute.
Numa palestra pronunciada pelo ex-presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB), Juvanir Borges de Souza, afirmou que Leopoldo Cirne, quando substituiu Bezerra de Menezes na presidência da FEB, em 1900, foi o maior incentivador do Federalismo no Movimento Espiritista do Brasil, inspirado no modelo da organização política de nosso país, de modo que todos estados através de suas Federações ficassem representados participando do poder Central Federativo. Elas começaram a surgir em 1902 tendo a Federação Espírita Paraibana (FEPb) nascido em 1916.
O arcabouço do federalismo levou a uma rápida expansão no Movimento Espírita brasileiro com as Federações Estaduais e a conseqüente multiplicação dos Centros Espíritas. Dessa forma chega-se a ponderada conclusão, que: quem sugeriu o nome de Federação para a primeira Casa Espírita Paraibana, sabia algo sobre o sistema liderado por Augusto Elias da Silva e recomendado por Leopoldo Cirne, apesar de que este não mais estava no poder presidencial da FEB. A FEPb foi fundada em 17 de janeiro de 1916 e Leopoldo Cirne já tinha terminado seu mandato na diretoria da FEB, em 1914. A pesquisa realizada não nos autoriza até agora, a apontar a paternidade desta sugestão, de se usar o Federalismo na Paraíba ou na FEB.
Tudo começou assim
Na noite de 17 de Janeiro de 1916, na rua 13 de maio nº 457, antiga Rua da Lagoa de Cima, foi fundada a Federação Espírita Paraibana, pelos seguintes cidadãos: Manoel Alves de Oliveira, Eugênio Ribas Neiva, Manoel Francisco Rabelo, Eduardo Medeiros, Frederico Ribas Neiva, João de Brito Gouveia Moura, Joani de Felibelli. A primeira diretoria ficou assim formada: Manoel Alves de Oliveira (presidente), Eugênio Ribas Neiva (vice), Eduardo Medeiros (1º. Secretário) Manoel Francisco Rabelo (2º. Secretário), João de Brito Gouveia Moura (Tesoureiro).
Como não possuía sede própria, a FEPb funcionava naquele endereço, que era também residência de Manoel Alves de Oliveira, onde acontecia a “Sessão de Caridade”, e que assim foi transformada naquela data de 17 de janeiro de 1916 em sede provisória. Ali funcionou de 1916 a 1919, quando foi construída a segunda sede, num terreno próximo à casa de Manoel Alves de Oliveira, que foi doado por um dos referidos fundadores da FEPb: Joani de Felibelle. Este também ajudou na construção do prédio que agora funcionaria em novo endereço: Rua 13 de Maio nº 465. Naquele local específico a FEPb funcionou de 1919 até 1960 – em 41 anos de profícuo atendimento.
De 1960 em diante passou a funcionar na sua terceira sede. Esta também própria, construída agora, em edifício de 1o. Andar, no nº 65 no parque Solon de Lucena. Coincidentemente ou não, o referido parque é um logradouro tranqüilo cujo nome fora dado em homenagem ao ex-presidente do estado da Parahyba e que também foi espírita reconhecido.
O terreno em que foi edificada a FEPb, em sua terceira sede, bem maior, dotada de várias dependências internas, com livraria e um grande auditório para a época, foi doado pelo eminente espírita paraibano, dr. Arthur Lins de Vasconcelos Lopes. Este nascido na Serra de Teixeira, detentor de grande projeção nacional, signatário do “Pacto Áureo”, ex-presidente da Federação Espírita do Paraná, espécie de Mecenas que deu relevante ajuda às Sociedades Espíritas do Nordeste, notadamente a Paraíba.
A FEPb teve a presidência nas mãos de Manoel Alves de Oliveira, até 1923 – foram seis anos de mandato. Em 1923 houve registro de mudança da diretoria, de acordo com a revista “O Além”, órgão de divulgação da FEPb, que noticia a seguinte diretoria cujo mandato transcorreu até 17 de janeiro de 1924: Presidente - Eugênio Ribas Neiva, Vice - Severino Lucena, 1o. Secretário - Diógenes Caldas, 2o. Secretário - Júlio Ataíde, Tesoureiro - João de Brito Gouveia Moura, Bibliotecário - Manoel Francisco Rabelo.
O Além – 1ª revista espírita
Em agosto de 1922 foi fundada a primeira revista Espírita na Paraíba, o que renovou os conceitos sobre o Espiritismo na então província Parahyba do Norte. Era editada pela FEPb e intitulava-se “O Além” – opúsculo de feição gráfica regular para a época, em comparação com outras do país. Para o Movimento Espírita da Paraíba, era uma novidade editorial. Os artigos regulares divulgavam a fenomenologia do Brasil e do Exterior – fenômenos de materialização, lá em Belém do Pará, ou na América e na Europa, comprovando que os redatores liam bastantes jornais, inclusive estrangeiros e estavam, portanto, bem informados.
O primeiro diretor da revista foi o bel. Diógenes Caldas; redator secretário José Pereira da Silva (Sr. Zuza); redatores professores: Eduardo Medeiros, Francisca Moura, Cizenando Costa, João Coelho, Floripes Pessoa e Eugênio Ribas Neiva. Gerente - Manoel Rabelo. Não existe comprovação de até quando foi editada a revista, mas se presume que a partir de 1924 foi suspensa a sua circulação porque o então governador Solon de Lucena, deixou a presidência da Província. Foram três anos de divulgação da Doutrina Espírita, pela revista “O Além”, no início da década de 20.
Católicos e protestantes na palestra espírita
A diretoria da FEPb realizava palestras e conferências no seu acanhado salão, onde cabiam pouco mais de 100 pessoas, convidando confrades do movimento dos estados vizinhos. Numa dessas oportunidades foi convidado o grande tribuno espírita cearense major Manoel Viana de Carvalho, considerado a glória dos oradores espíritas brasileiros. Tido como polemista de fôlego, sempre respondia aos ferozes ataques desfechados pelo clero com a lição da Doutrina Espírita, a ponto de os abalarem tornando-os emudecidos, tal era o arroubo colocado nas palavras que fluíam fáceis.
Viajou por todo o País a serviço da profissão. Era Major engenheiro militar do exército Brasileiro e onde quer que fosse designado para prestar serviço, ali, ele fundava dezenas de Centros Espíritas, arrebanhando os colaboradores para a obra de difusão da Doutrina. Foi em novembro de 1923 que ele chegou a esta cidade vindo de Recife. Recebido pela diretoria da FEPB para reunião que começaria às vinte horas, logo na conversação chegou-se a conclusão que o salão que servia de auditório na casa era pequeno para conter os que queriam ouvir aquele fenômeno da palavra. Assim escolheram a Praça Vidal de Negreiros e naquela noite encheu-se de espíritas, católicos, protestantes. Todos para ouvi-lo.
A revista “O Além” registrou que ele falou por duas horas seguidas, encantando a todos pela riqueza de assunto e conhecimento disponibilizado. O major “Manú”, como era conhecido nas rodas espiritistas, fez na improvisada tribuna a maior conferência que se podia ouvir, e nela rebateu as imprecações contra o Espiritismo, tendo no final da oração, saudado a multidão e em troca recebeu a maior ovação que um orador espírita poderia receber.
No outro dia, o jornal “A imprensa”, órgão da igreja católica, lançou o grande e veemente protesto de apôdo e de zombaria contra o orador e o Espiritismo. Após essa conferência a FEPB lotava seu salão para assistir as reuniões doutrinárias da semana.
Um presidente americano
Em 17 de janeiro de 1924 foi eleita uma nova diretoria que ficou assim composta: Presidente - João Gomes Coelho; Vice - Eugênio Ribas Neiva; 1º. Secretário - Getúlio Cezar; 2º. Secretário - João Bernardo de Freitas; Tesoureiro - Aníbal de Gouveia Moura; Bibliotecário - Manoel Francisco Rabelo. Esta diretoria deu prosseguimento aos trabalhos normais da FEPb, realizando “Sessão de Doutrina”, como era assim conhecida, e reuniões para Desenvolvimento Mediúnico as “Sessões de Caridade”.
A revista “O Além” divulgava como orientação a quem quisesse freqüentar a casa: “A entrada é permitida a todas as pessoas de bons costumes, mediante autorização do presidente. Depois de começados os trabalhos a ninguém mais se dará ingresso para não haver perturbação do silêncio que deve ser o mais rigoroso possível”.
De 17 de janeiro de 1924 até 1928, a FEPb tem novo presidente: o engenheiro José Rodrigues Ferreira. Apesar de ter nascido no Brooklin em Nova York (EUA), filho de cônsules brasileiros naquela cidade, firmou raízes de profundo afeto no solo paraibano e divulgou o Espiritismo inclusive no Alto Sertão da Paraíba. Seu corpo foi sepultado no cemitério de Aparecida, cidade que fica a 16 Km de Sousa, tendo no seu túmulo a inscrição existente no túmulo de Kardec, sendo em português: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei”.
GESTÃO DE JOSÉ AUGUSTO ROMERO – 1929 a 1973
O mandato de José Augusto Romero durou pouco mais de quatro décadas. A diretoria anterior terminava o seu mandato em 1929. O início da década de 30 trouxe mudanças para o cenário da ainda Parahyba do Norte. A capital passaria a ser chamada de João Pessoa. Nas casas residenciais realizavam-se “Sessões de Caridade”, nomes impróprios, hoje substituídos pelo de “Sessões Mediúnicas”, onde aconteciam os trabalhos de curas que eram realizados através de médiuns e/ou pelos espíritos.
O trabalho edificante da FEPb prosseguia na divulgação da Doutrina Imortalista. Nas terças-feiras era estudado “O Livro dos Espíritos” e nas sextas-feiras, o “Evangelho Segundo o Espiritismo”. Após o estudo era aplicado o passe magnético. Na década de 30 o Espiritismo era moderado e simples. Depois dos anos 40 o Espiritismo tomou um novo alento progressivo, com o aparecimento de dezenas de adeptos. Cresceu o Movimento Espírita com viagens ao interior, onde ainda não estava consolidado o Espiritismo.
Eventos, semanas comemorativas, fundação de centros espíritas, aparecimentos de jornais e revistas da literatura espalhada em todo o país. Já existiam pelo menos quatro centros na capital: Tomás de Aquino; Deus, Amor e Caridade (Casa da Vovozinha); Paz, Harmonia e Caridade e Bezerra de Menezes. Depois mais três. Foi quando, para haver maior intercâmbio entre as Sociedades Espíritas, José Augusto Romero apresentou o projeto da criação de um órgão presidido pelo próprio presidente da Federação aglutinando os Centros Espíritas desta capital para da união melhor direcionar o trabalho unificador do Espiritismo na Paraíba. Era a Casa dos Espíritas que fôra criada dia 11 de abril de 1942, sendo fundadores: José Augusto Romero e Severino de Luna Freire (FEPb), João de Deus Coelho Serrão (12 apóstolos), João Severino Bezerra (Paz, Harmonia e Caridade), Feliciano Dias e Domingos Soares (Deus, Amor e Caridade) e José Belarmino Feitosa Filho (C.E. Maria Madalena).
No decorrer de onze anos de funcionamento da Casa dos Espíritas da Paraíba ela prestou à comunidade relevante trabalho, sendo absorvida pelo crescimento e compreensão do trabalho federativo que aos poucos granjeava expansão em todo território nacional. Em 1953 já unia como Centros Espíritas adesos a FEPb cerca de 15 sociedades coesas em torno da Unificação. Com o “Pacto Áureo” assinado no Rio de Janeiro pela FEB, terminava a tarefa da Casa dos Espíritas da Paraíba. Ela foi substituída pela instalação do Conselho Federativo Estadual, na própria Federação Paraibana, em janeiro de 1953.
O debate com Padre Quevedo
A tarefa realizada naquele tempo marcou com um capítulo de realizações empolgantes na divulgação do Espiritismo. Dentre os que já atuavam na seara Espírita há muitos anos, um nome se destacou pelo trabalho que realizava noutros centros: Laurindo Cavalcante de Araújo. Ele foi eleito presidente da Mocidade Espírita Paraibana, movimento que eclodiu em todo país, acordando e arregimentando a juventude para o conhecimento das verdades reveladas pelos Espíritos na caminhada evolutiva. Essa Mocidade realizou nesta fase, um trabalho importante ajudando os mais velhos no esclarecimento, nas artes, especialmente no teatro, exibindo peças teatrais de atores nacionais e estrangeiros na divulgação dos ensinos do Espiritismo.
Em 1950, Laurindo Cavalcante era 2º Secretário. Sincero, fiel, cooperativo e honesto trabalhador, granjeou a confiança e a estima do presidente José Augusto Romero, que na eleição de 1952 o colocou na diretoria executiva como vice-presidente da FEPb, cargo que ocupou até 1972, em sucessivas reeleições. Fato digno de registro: na noite de 19 de abril de 1968 foi o debate de Laurindo Cavalcante e Pe. Quevedo, acontecido no Teatro Santa Roza, onde o conhecido detrator católico da Doutrina dos Espíritos afirmava arrevezadamente a inexistência da comunicação dos Espíritos sendo que para ele os fenômenos psíquicos ou eram produtos da mente humana ou do demônio, entre outros assuntos debatidos perante a distinta platéia.
Na ocasião, diante do auditório lotado, o então vice-presidente da FEPb usou da palavra, para rechaçar ponto por ponto os argumentos, sendo aplaudido pelos presentes, pelo esforço intelectual, confirmando ainda, de forma indiscutível, elementos e princípios da Doutrina dos Espíritos, sem ofensas e ataques à religião alheia ou às pessoas. O debate termina num clima de paz com os debatedores apertando-se as mãos num acordo de paz. Não seria dessa vez que o Pe. Quevedo conseguiria incutir na mente popular as suas idéias notoriamente anti-espíritas, porque o sr. Laurindo conseguira convencer os ouvintes com a integralidade, beleza, sinceridade e, sobretudo firmeza dos argumentos advindos da codificação Kardequiana.
Centro Espírita no Presídio
Jorge Honorato da Silva, funcionário público estadual, aposentado da Secretária de Justiça, em abril de 1944 foi detento de justiça no presídio e ali começou a sentir fenômenos mediúnicos de ver, ouvir e sentir manifestação de Espíritos. Tinha por companheiro o detento Antonio José Ferreira, simpatizante do Espiritismo. Alguém amigo dera-lhe livros doutrinários para ler. Ambos se dedicaram de tal maneira que sondaram o diretor do Presídio e tudo parece levar a crer ser este mais um simpatizante do Espiritismo. Conseguiram autorização para fundar um Centro Espírita para estudo da Doutrina Espiritista dentro daquela casa de correção criminal. Em abril do ano citado convidaram outros companheiros, pela manhã depois do café, e fundaram um núcleo espírita cujo nome era: Centro Espírita Padre Germano.
Honorato soube que a FEPb, há dez anos antes da fundação desse Centro, já realizava palestras e fazia visitas semanais à Casa de Detenção, porém o sacerdote capelão da mesma, cônego João de Deus Mindello, tendo grande prestígio junto às autoridades judiciais conseguiu sustar a ação religiosa da FEPb impedindo a sua continuação. Jorge Honorato fez convite a FEPb e foi assim que recomeçaram as visitas e houve o retorno dos oradores da casa dos Espíritas, que céleres, acorriam àquela casa de Detenção, sempre aos domingos, para fazer palestras educativas com lições do Evangelho Segundo o Espiritismo e dos muitos livros espíritas levando como ajuda material, cestas de alimentos além do maravilhoso pão do espírito, consolador e reconfortante nas necessidades morais.
Em outubro de 1947, a FEPb havia organizado um grande evento, coisa que não era comum em João Pessoa. O acontecimento ficou conhecido como III Congresso Nordestino decorrente de quatro congressos conveniados pela Federação Espírita de Alagoas. O primeiro fôra em Alagoas, O segundo em Pernambuco, e o quarto no Rio Grande do Norte sendo todos realizados com o êxito que se esperava. As visitas à casa de Detenção estavam inseridas no programa do C.E. Pe. Germano. No domingo, uma caravana de congressistas incorporados à diretoria da FEPb e os centros Espíritas adesos, realizaram uma visita àquela casa. Aberta a sessão no auditório pelo presidente da FEPb, José Augusto Romero, com a presença do presidente do C.E. “Padre Germano”, Jorge Honorato, falaram vários representantes com a culminância da bela exposição de Jorge Honorato, num improviso sensível e comovente que admirou os presentes.
O então presidente da Federação Espírita Pernambucana, Lírio Ferreira, também fez palestra e ofereceu em nome da entidade que representava, 50 livros do Evangelho Segundo o Espiritismo para distribuir com os presidiários. Ao ser desativada aquela casa Carcerária mais tarde com a construção da Penitenciária Modelo no bairro do Roger, o Centro Espírita Pe. Germano, continuou nos trabalhos de divulgação e prestação de assistência aos encarcerados, sempre com o apoio da FEPb, levando oradores diversos e ainda com assistência da juventude Espírita que funcionava na casa máter, sob a direção de Laurindo Cavalcante. Naquela nova casa correcional Jorge Honorato já havia sido libertado voltando ao seio de sua família como cidadão livre juntamente com o amigo e irmão o ex-detento, Antonio José Ferreira, ambos fundadores do Centro Espírita Padre Germano. Esse nome foi dado em homenagem ao personagem principal do Livro “Memórias do Padre Germano” de autoria da espírita espanhola, Amália Domingos Soler. Jorge Honorato continuou a tomar parte nas Sociedades Espíritas.
Arte, cultura e divulgação espírita
A partir de 1940, a FEPb inicia um programa comemorativo de divulgação com exposição do livro espírita nas cidades de João Pessoa e Campina Grande. Assim, em escritórios, lojas e edifícios, onde os espaços para vendas foram gentilmente cedidos por seus proprietários, eram organizadas exposições de livros, jornais, revistas, panfletos, relativos a datas específicas do Espiritismo. Naquelas ocasiões, o público afluía intensamente colaborando na aquisição dos livros. De 30 de Setembro a 3 de outubro de 1947 aconteceu o III Congresso Espírita Nordestino, no Teatro Santa Roza, com a presença de ilustres convidados da região e ainda com visitas às associações Espíritas.
O encerramento aconteceu com um programa na casa de Detenção da Capital, visita ao Centro Espírita Padre Germano, por cerca de 50 confrades. A 1ª Mocidade Espírita na FEPB foi fundada sob as vistas patriarcais do confrade José Augusto Romero e o jovem Laurindo Cavalcante, junto a uma turma do sadio barulho, que formavam excursões, horas de verdadeiros saraus de poesia e estudo. A União Espírita Deus, Amor e Caridade fundou a sua mocidade com o grupo teatral intitulado “Teatro da Mocidade Espírita” sob a supervisão de Domingos Soares, diretor, ensaiador e cenarista. As duas mocidades se uniram em um trabalho de amor e esforços conjugados para apressar o desenvolvimento daquele anseio idealista.
Na casa máter, os novos moços criavam e desenvolviam eventos para entretenimento daquela juventude que pedia e podia ajudar aos mais velhos a equacionar os mais difíceis problemas criados com a construção do albergue. Enquanto uns faziam quermesse, tômbola para recolher fundos contando, quase sempre, com um público sempre pronto para colaborar. O grupo de Teatro preparava-se para apresentar sua primeira peça em quatro atos, nos quais tomaram parte Geraldo Melo, Eunice Araújo, Nevinha, e Laurindo Cavalcante. O título da peça era “Nas Malhas da Obsessão” do Prof. Leopoldo Machado, que levada à cena nas proximidades de Natal (RN), com tanto êxito, no mesmo ano, que foi repetido vários espetáculos, sempre renovando com as novas peças espíritas de valor literário.
Construção da sede da FEPb
FOTO SEDE LAGOA
Em 1951, Arthur Lins de Vasconcelos visitou a Paraíba e foi parar na FEPb. Da FEPb seguiu em grupo, ao antigo Ponto de Cem Réis para tomar um cafezinho no famoso Café Alvear. O grupo era composto de Laurindo Cavalcante de Araújo, José Augusto Romero, Edísio Travassos e Lins de Vasconcelos. Foi lançada a idéia da sede da FEPb mudar de endereço, devido a atual ter salão muito pequeno e sem condições de se fazer uma reforma por causa da exigüidade do terreno.
Edísio Travassos informou aos presentes que no parque Solon de Lucena, na Lagoa, havia um grande terreno à venda. Dali saiu o pequeno grupo para examinar o local e Lins de Vasconcelos autorizou a José Augusto Romero a comprar o terreno da proprietária, dona Catarina Moura. Devido a carência de recursos, a FEPb vendeu um prédio onde funcionava o Colégio Lins de Vasconcelos de propriedade do professor Manoel Nery e a sua antiga sede da rua 13 de maio no. 465 para poder concluir a construção que foi inaugurada em princípios de 1960.
Visitas de destaques
O presidente da Federação Espírita Portuguesa, Izidoro Duarte Santos, visitou a FEPb, em 1951. Ele era o então diretor da Revista “Estudos Psíquicos”, editada e divulgada em Lisboa, erudito confrade, um dos mais categorizados espíritas portugueses numa época difícil, em plena ditadura Salazarista. O professor Huberto Rohden esteve em João Pessoa, nos dias 10 e 11 de setembro de 1951. Em visita de cunho científico, dentro do ramo da Parapsicologia, ele fez uma conferência no Teatro Santa Roza. Foi um sucesso inusitado, inclusive com casa cheia dando a melhor das impressões pelas causas novas reveladas. Na FEPb proferiu outra conferência centrando o tema na Reencarnação, fato que arrancou aplausos dos presentes na antiga sede da 13 de maio com assistência completamente lotada.
O espiritualista Pietro Ubaldi, filósofo, naturalista e cientista italiano, visitou João Pessoa de 17 a 19 de março de 1957. Autor de vários livros filosóficos e científicos, dentre eles “A Grande Síntese”, de valor invulgar no conhecimento lógico da realidade físico-espiritual, considerado um “best-seller” editorial, Pietro Ubaldi fez três conferências na faculdade de Ciências Econômicas da UFPB e concedeu entrevista na Radio Tabajara. Agradou tanto a família espírita, como o público em geral. Pietro Ubaldi visitou a sede da FEPb. Muitos dos jornais da época noticiaram o acontecido.
Em julho de 1963 a FEPb realizou o I Curso intensivo para Orientadores Espíritas com a colaboração de irmãos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro nas pessoas de: Cecília Rocha, Sinésio Vieira, Solange Moacir, Carlito Brito e Nerícia Tavares. Ao evento matricularam-se jovens dos seguintes estados: Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, vários municípios do estado e capital.
Jornal “Paraíba Espírita”
Este jornal foi fundado em fins de 1951, por iniciativa do presidente da FEPb, José Augusto Romero, tendo com auxiliares Inaldo Lacerda Lima e Laurindo Cavalcante de Araújo. Com o decorrer do tempo contou com a colaboração eficiente e brilhante de jovens iniciados no conhecimento da Doutrina dos Espíritos. O jornal, além de doutrinário, era o porta-voz do movimento espírita estadual e funcionou até o ano de 1963.
Já no período de 1953 a 1964 aconteceu a divulgação radiofônica. O programa “Neblina Espiritual” irradiado pela PRI-4, Rádio Tabajara complementava o serviço de propaganda doutrinário levando ao grande público a mensagem que a FEPb propunha. “Neblina Espiritual”, o programa radiofônico despretensioso da FEB, tinha seu público cativo.
Nos idos de l972, lá estava José Augusto Romero enfermo, começando uma peregrinação pertinaz em busca do reajuste de sua saúde física abalada. Era o seu martirológio cármico evoluindo para o final. Pressentindo sua destinação Romero chama Laurindo Cavalcante, lhe diz não poder continuar a agir na administração da FEPb e pede-lhe que assuma a presidência.
Deixa o comando e no dia 07 de setembro de 1973, às 9 horas da manhã, ele retorna àquela pátria que deixara para reencarnar na cidade de Alagoa Nova, aos 02 de Abril de 1891, com 82 anos incompletos. Romero, no entanto, prossegue seu trabalho, no plano invisível, agora como orientador espiritual, quanto aos nossos deveres com a casa e procedimento com os irmãos de doutrina.
GESTÃO LAURINDO CAVALCANTE - 1973 a 1985
Com a doença e conseqüente desencarnação de José Augusto Romero, fecha-se um ciclo de 44 anos à frente da FEPb. Em fevereiro de 1973, assume a presidência Laurindo Cavalcante de Araújo, oito meses antes do desenlace de Romero. O ex-vice-presidente retoma o trabalho administrativo e social dando seqüência e visando acima de tudo, estabelecer de forma mais concreta o movimento espírita do Estado, sem perder o foco nos vínculos da FEPb com os Centros Espíritas filiados. Com essa mudança de líder, o movimento tomou novos rumos, com a criação de eventos, visitas às sociedades adesas, criações de cursos, conferências realizadas por dezenas de expositores do Sul do País, notadamente Divaldo Pereira Franco, que visitava a Paraíba desde os tempos de Augusto Romero lá pelos idos de 1954.
Laurindo Cavalcante ainda tomou a responsabilidade de dirigir a instituição O Lar da Criança, criada em 20 de fevereiro de 1950, pela FEPb, em substituição à pretensão inicial de se construir um hospital que deveria ser o Hospital Psiquiátrico Espírita da Paraíba. Para tanto, já fôra lançada a pedra fundamental no terreno doado por Dr. Targino Pereira, idealizador desse empreendimento, que incontinenti foi apoiado pela FEPb, mas quando do estudo pormenorizado do projeto, um sério entrave aparece: a inviabilidade financeira, abandonou-se então o projeto inicial para abraçar a idéia do Lar da Criança.
O Lar da Criança tomou a atenção da FEPb na pessoa do seu novo presidente como também, dos dirigentes espíritas que ali colaboravam. A esposa de Laurindo Cavalcante, dona Déa Neiva de Araújo, entre tantas outras damas de virtudes Cristãs que ali trabalhavam, se desdobrou bastante com o esposo até adoecer e ao desencarnar deixou uma lacuna impreenchível na vida do esposo e no trabalho.
Como ficou difícil, a partir de então, conciliar os trabalhos da FEPb, com os do dia-a-dia, de O Lar da Criança, Laurindo Cavalcante convidou José Humberto Lucena para dirigir esse trabalho. Apesar do apoio que ele recebeu da FEPb, após alguns anos de administração, José Humberto entendeu por considerar a instituição Espírita Lar da Criança, como organização não-governamental, ONG, retirando propositadamente todas as características Espíritas ali existente no início, estando a mesma na atualidade, desvinculada administrativamente da FEPb.
Dia 24 de outubro de 1978 o ilustre confrade Dr. Deolindo Amorim visitou a FEPb, onde fez conferência. O Dr. Deolindo Amorim foi o fundador do Instituto de Cultura Espírita do Brasil cuja sede fica na Av. Rio Branco, no Rio de Janeiro, como atuante membro do movimento, foi ainda secretário da Liga Espírita do Brasil e um dos membros que assinou o “Pacto Áureo” na sede da FEB em 5 de Outubro de 1949.
Eventos de destaques
Em 1978 realizou-se o primeiro Zonal da FEB em João Pessoa, que sediou os representantes da FEB e todos os componentes da 2a. Zona, que são: Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Foi realizado no período de 29 de setembro a 1º. de outubro de 1978. O tema em estudo foi “Como executar a orientação ao Centro Espírita” aprovado na reunião plenária do Conselho Federativo Nacional de 1º. a 2 de Outubro de 1977 em Brasília DF. A FEB se fez presente na pessoa de seu vice-presidente, Juvanir Borges de Souza, que chegou assessorado por equipe de diretores. Estavam presentes às sessões respec-tivas as entidades Federativas Estaduais que integravam o Conselho da 2ª. Zona.
O assunto da reunião era justamente a aprovação do Opúsculo Orientação ao Centro Espírita, uma vez que já havia sido feitas três outras reuniões em regiões diferentes do Brasil, tratando do mesmo tema, e em cada qual, os participantes do Zonal contribuíam para uma melhor redação dos textos daquele importante trabalho para finalmente na reunião do Conselho Federativo Nacional ser decidido o texto final que foi editado em 1980.
Na gestão de Laurindo Cavalcante de Araújo registra-se ainda dois outros eventos de importância para o Movimento Espírita paraibano. O primeiro foi o aumento de 600m de área no prédio do Lar da Criança e a reforma na sede da FEPb na Lagoa, fazendo-se na parte traseira, três pisos contribuindo para a melhor funcionalidade do prédio da Federação naquela época. O segundo fato aconteceu em 1979. Depois de 63 anos, ocorreu pela primeira vez a mudança dos Estatutos da FEPb, motivado pelo interesse de atender o desenvolvimento do Movimento Espírita da Paraíba, adaptando-o a novas necessidades.
Em 1981 o Centro Espírita Leopoldo Cirne faz a festa de seu 40o. aniversário de fundação que foi comemorada durante um mês inteiro. Teve a sua coroação com a vinda à João Pessoa, do maior tribuno espírita do Brasil, o médium baiano, Divaldo Pereira Franco. Já em 1982 realizou-se o curso para Evangelizadores, promovido pela FEB, com a participação a todos os estados Nordestinos. A FEPb coordenou os trabalhos.
A FEPb reformulou naquele ano o seu estatuto e entre outras reformas, o Conselho Administrativo passou a chamar-se Conselho Superior da FEPb e dentro dessa reforma iniciou-se o trabalho maior que era: a reformulação do Conselho Federativo Estadual, órgão por excelência que reúne em seu bojo a totalidade das Sociedades e Centros Espíritas que constituem o grande Movimento Espírita estadual. Logo após Laurindo Cavalcante deixar a presidência, ele cobrava a José Raimundo de Lima, o sucessor, a continuidade dos trabalhos de Evangelização, com pessoas comprometidas. Terminado o último mandato de Laurindo Cavalcante de Araújo, começa outro tempo de trabalho e dedicação ao Espiritismo.
Fonte das informações: Domingos Soares, jornais O Além e Tribuna Espírita e revista Reformador
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