sexta-feira, 29 de julho de 2011

Por que e como praticar a mediunidade


Antonio Cesar Perri de Carvalho
Revista Reformador Julho de 2011 Feb

Após as comemorações do Centenário de Chico Xavier, com ênfase na sua obra psicográfica e nos exemplos de dedicação ao ideal espírita, ingressamos na etapa do Sesquicentenário de O Livro dos Médiuns. Essa obra da Codificação Espírita é um desdobramento natural – com aprofundamentos, esclarecimentos e recomendações –, do Livro Segundo – Mundo Espiritual ou dos Espíritos – de O Livro dos Espíritos. Allan Kardec aborda questões conceituais e orientações para a prática mediúnica. A leitura da obra sesquicentenária deixa claro o objetivo da mediunidade:

[...] Este dom de Deus não é concedido ao médium para o seu deleite e, ainda menos, para satisfação de suas ambições, mas para a sua melhora espiritual e para que os homens conheçam a verdade [...].1

Abre caminho para o entendimento da ação do “Medianeiro Divino”2 que é descortinada em O Evangelho segundo o Espiritismo. Em seguida,Kardec analisa os estados de alma – com base em diversas manifestações mediúnicas – em O Céu e o Inferno, ampliando a compreensão acerca da sobrevivência e da identidade do Espírito, e também relaciona a situação do Espírito desencarnado com a existência corpórea. As obras psicográficas de Francisco Cândido Xavier fortalecem e ilustram as informações sobre ação mediúnica apresentadas na Codificação. No conjunto de livros de Emmanuel que – à época –, homenagearam o Centenário das Obras Básicas,em Seara dos Médiuns o autor espiritual fundamenta de forma clara a prática da mediunidade consubstanciada no Evangelho de Jesus:

[...] o único móvel a inspirar-nos, no serviço a que nos empenhamos, é apenas o de encarecer o impositivo crescente do estudo sistematizado da obra de Allan Kardec – construção basilar da Doutrina Espírita, a que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo oferece cobertura perfeita, a fim de que mantenhamos o ensinamento espírita indene da superstição e do fanatismo que aparecem, fatalmente, em todas as fecundações de exotismo
e fantasia.3

[...] ninguém consegue empanar os fatos mediúnicos da vida de Jesus, que, diante de todas as religiões da Terra, permanece por Sol indiscutível, a brilhar para sempre.4

A chamada Coleção “A Vida no Mundo Espiritual”, livros de autoria do Espírito André Luiz e editados pela FEB, fornece uma ampla visão sobre o mundo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, com ênfase nas ações, manifestações e várias formas de interferência dos seres encarnados. Se O Livro dos Médiuns é a obra fundamental para o entendimento da mediunidade, as obras psicográficas de Chico Xavier ampliam sobremaneira a compreensão a respeito da mesma, e a dedicação deste médium concretiza o exemplo marcante de uma longa vida de fidelidade a Jesus e a Kardec.

Herdeiro de fontes e inspirações tão significativas, o Movimento Espírita brasileiro se fortaleceu e se expandiu. Neste contexto, houve necessidade de algumas recomendações mais direcionadas para o atendimento da maioria ou do nível médio dos centros espíritas.

Utilizando o intercâmbio e a análise de experiências das várias regiões do País, de forma coletiva, o Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira elaborou um documento de trabalho que pudesse facilitar a aplicação de recomendações mais operacionais, e surgiu Orientação ao Centro Espírita, em 1980. Posteriormente, este documento foi avaliado e veio a lume a edição revisada e ampliada em 2007.

Com base na Codificação Espírita e em várias obras complementares, Orientação ao Centro Espírita sintetiza recomendações para a organização e funcionamento das instituições. Há alguns capítulos relacionados com a prática mediúnica, como aqueles sobre o Atendimento Espiritual no Centro Espírita, Estudo e Educação da Mediunidade e Reunião Mediúnica.5

Ao ensejo dos “150 anos de O Livro dos Médiuns” é oportuna a difusão e o estímulo ao estudo desta obra básica e faz-se necessário o bom aproveitamento de Orientação ao Centro Espírita. A primeira obra é o “guia dos médiuns e dos evocadores”; a última apresenta recomendações, sugestões e a viabilidade de adequações para as realidades e necessidades dos centros espíritas. Entendemos que a origem de Orientação ao Centro Espírita e a dinâmica que vem sendo impressa às tarefas de unificação pelo Conselho Federativo Nacional da FEB propiciam condições para o atendimento das considerações de Emmanuel: “Educarás ajudando e unirás compreendendo”,6 fundamentando-se e citando Kardec:

[...] Esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem desde já formar o núcleo da grande família espírita, que um dia congregará todas as opiniões e unirá os homens por um único sentimento: o da fraternidade, sancionado pela caridade cristã.7

Referências:
1KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. 1. reimp. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 17, it. 220, subit. 3.
2XAVIER, Francisco C. Seara dos médiuns. Pelo Espírito Emmanuel. 19. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. Em serviço mediúnico, p. 63.
3______.______. Apresentação, p. 11.
4______.______. Cap. Na glória do Cristo, p. 79.
5EQUIPE DA SECRETARIA-GERAL DO CFN DA FEB (Org.) Orientação ao centro espírita. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Caps. 3, 4 e 5.
6XAVIER, Francisco C. Seara dos médiuns. Pelo Espírito Emmanuel. 19. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. Aliança espírita. p. 296.
7KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. 1. reimp. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 29, it. 334, p. 551.

Nenhum comentário: