domingo, 8 de julho de 2012

O LIVRO DOS MÉDIUNS


Um observador cuidadoso notará, sem dúvida, ao estudar a Codificação Espírita, o perfeito plano da obra, demonstrando, na sua estrutura didática, a excelente realização de Allan Kardec e a completa identificação das mentes espirituais que a planificaram com aquele que a executou.
Considerando-se a grandiosidade do empreendimento, após as elucidações introdutórias indispensáveis, em O Livro dos Espíritos, o mestre lionês iniciou o trabalho estudando Deus na condição de Causa Primária, com uma extensão de raciocínios surpreendentes, que o levaram a apresentar questões de alta relevância em torno do Criador, da Criação, dos elementos constitutivos do Universo.
Posteriormente, ao elaborar O Livro dos Médiuns, que é um desdobramento de parte daquela obra, o Codificador examinou a questão de máxima importância, no capítulo primeiro, interrogando se há espíritos, como natural consequência da existência de Deus.
Aprofundando o assunto, prescreveu a necessidade de demonstrar-se antes a existência dos espíritos, a fim de partir-se para o exame das comunicações pelas quais se comprova a realidade dos mesmos.
De imediato, preocupou-se em orientar o indivíduo, no sentido de que, antes de tornar-se espiritista seja espiritualista, isto é, primeiro conceba a existência dos seres espirituais para cuidar, depois, das suas comunicações.
Partindo dessa base, a princípio, de uma premissa, Kardec demonstrou, filosoficamente, a realidade do mundo espiritual e dos seres que nele habitam, passando, a seguir, às técnicas, aos métodos de estudar-se, adequar-se e orientar a mediunidade – veículo pelo qual os espíritos comprovam a sua existência –, realizando o mais completo compêndio a respeito da paranormalidade humana.
Deteve-se em exaustiva pesquisa a respeito das variadas expressões mediúnicas, suas peculiaridades, seus recursos e possibilidades, quase exaurindo o assunto, que permanece desafiador a quantos se interessam pelos fenômenos e funções PSI, ontem como hoje.
Nenhuma outra obra, até o momento, penetrou tão fundo as investigações, na palpitante questão dos médiuns, da mediunidade, dos efeitos morais do exercício mediúnico, seus perigos e bênçãos, oferecendo os mesmos excelentes e seguros resultados.
Documentou, o preclaro instrumento das entidades superiores, as diferenças entre médiuns e mediunidades, demonstrando a necessidade da vivência moral para colher-se resultados salutares, superiores, confirmando que, sendo os espíritos as “almas dos homens” apenas desvestidas da matéria, o rigor e a seriedade diante das comunicações mediúnicas devem presidir as investigações e estudos a respeito de tão delicada quão importante questão.
Examinou os riscos da prática mediúnica, quando realizada sem os critérios e cuidados que se impõem, sem o requisito do conhecimento teórico antes do exercício e das pesquisas, bem como advertiu quanto aos problemas do animismo e das interferências perniciosas das entidades viciosas, perturbadoras ou simplesmente vulgares...
Projetou nova luz na psicopatologênese da loucura, apresentando as obsessões como fatores predisponentes, em muitos casos preponderantes e, em outros tantos, causais.
Não se deteve, porém, no exame da enfermidade, senão propôs, como resultado de larga experiência, uma psicoterapia própria para as alienações de tal porte, oferecendo utilíssimas diretrizes para a terapêutica preventiva e o comportamento que todos se devem impor diante dos vitimados por essa terrível enfermidade da alma.
Recorrendo a uma linguagem acessível, demitizou a mediunidade e os fenômenos paranormais que adquiriram cidadania cultural, longe das superstições e fórmulas, ritos e privilégios, numa análise lógica e veraz das potencialidades humanas colocadas a serviço da vida e da evolução do próprio ser.
Caracterizou os fenômenos autênticos e os falsos, os procedentes dos espíritos nobres e os produzidos por entidades irresponsáveis, outrossim, apresentando várias comunicações para servirem de estudo, ele próprio, dissecando-as com a lógica de bronze de que se fazia possuidor e o bisturi de aço do investigador imparcial e honesto que sempre se manteve.
Não fez qualquer concessão às crendices nem aos atavismos antropológicos ou sócio-religioso-culturais, antes e então vigentes.
Toda a obra é um tratado sério, realizado por um estudioso consciente, que arrancou do obscurantismo e da degradação, do misticismo e dos privilégios a mediunidade – que é uma faculdade neutra em si mesma – e as manifestações espirituais, estabelecendo regras, mediante as quais se podem alcançar resultados práticos e úteis para um comportamento equilibrado e a coleta de resultados opimos, no exercício dessas funções de ordem paranormal e suas manifestações extrafísicas.
Obra profunda, ficará como marco insuperável da investigação mediúnica, que nenhum pesquisador sincero da fenomenologia paranormal poderá deixar de conhecer.

(Do livro Médiuns e Mediunidades, Capítulo 2, psicografia do médium Divaldo Pereira Franco.)


Autor: Vianna de Carvalho

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