segunda-feira, 2 de maio de 2011
A Educação do Futuro foi o tema central das Jornadas de Cultura Espírita
Promovido pela ADEP – Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal, o evento realizou-se na bela Vila de Óbidos e contou desta vez somente com palestrantes espíritas
Este ano as Jornadas de Cultura Espírita da ADEP tiveram lugar nos dias 16 e 17 de abril, sábado de tarde e domingo de manhã, no auditório da Casa da Música, na belíssima Vila de Óbidos, que conserva seus traços medievais e um encanto invulgar que fez dela uma das “Maravilhas de Portugal”.
Este ano os palestrantes foram todos espíritas – por coincidência, dado que
Aspecto do auditório
é habitual o evento contar com expositores não-espíritas, que costumam trazer o testemunho das suas pesquisas nas áreas em que são especialistas.
O programa, muito bem preenchido, teve como tema central A Educação do Futuro, e dividiu-se em três painéis.
O primeiro painel, denominado "Sociedade e Família", foi aberto com a palestra da professora Cândida Vieira, que falou acerca da razão de ser da família, das dificuldades que enfrenta e dos ensejos de evolução que oferece.
Seguiu-se a palestra de Paulo Mourinha (foto), médico homeopata, que abordou o tema da toxicodependência, num trabalho que intitulou "Toxico-Independência", esclarecendo sobre os motivos psicológicos e orgânicos pelos quais tanta gente resvala para o uso de drogas, lícitas e ilícitas. Apontou caminhos de esperança, assegurando que a recuperação é possível, e
complementou o seu trabalho com o enfoque espírita, falando dos processos obsessivos e auto-obsessivos associados à toxicodependência.
Vasco Marques desfez o equívoco de que a
Internet só traz males
A psicóloga Maíra Diniz falou em seguida sobre o tema "O Trabalho". A Lei do Trabalho é uma das dez Leis Morais do Espiritismo. Trabalhar com alegria, cientes de que o trabalho é ferramenta de evolução, foi o cerne da comunicação da jovial Maíra.
O segundo painel, "Ambiente e Progresso", abriu-se com o jornalista Jorge Gomes, especialista em temas de biodiversidade e ambiente, que
Maira Diniz alegrou o público
trouxe a apresentação “O Homem na Natureza”. Científico e poético ao mesmo tempo, este trabalho foi altamente didático, na perspectiva que deu sobre as responsabilidades da espécie humana na conservação da saúde do planeta Terra, que o Criador nos deu como casa. A complexidade dos processos geológicos e biológicos maravilha quem se debruça sobre eles, apontando ainda a Natureza para objetivos espirituais, pelas lições que nos dá, e porque nela está patente a grandeza de Deus.
Seguiu-se Vasco Marques, professor, cuja palestra “Educação Web” questionou a ideia de que a Internet apenas traz males (dependência, isolamento, conteúdos perniciosos, quebra de produtividade etc.). Num enfoque otimista, como é próprio do Espiritismo, Vasco lembrou que a Internet é neutra, o uso é que deve ser disciplinado e orientado para finalidades úteis e enriquecedoras. No que diz respeito à divulgação espírita, o site da ADEP tem sido um caso sério de sucesso. E, no geral, a Internet amplia os horizontes de quem está interessado em enriquecer-se culturalmente.
Dentre os que assistiram às Jornadas havia
espíritas e não-espíritas
No segundo dia de Jornadas teve lugar o terceiro painel: "Educação Espírita". José Lucas (foto), que é militar, recordou as assertivas de Allan Kardec acerca do papel transformador que o Espiritismo pode ter na Sociedade, não de hegemonia, mas como contributo para a regeneração por que a Humanidade dá sinais de ansiar. Urge espiritualizar, porque o Homem é um ser espiritual. O tema "O Centro
Espírita" ofereceu bons motivos de reflexão, porque o centro espírita é, como a Terra, uma escola de almas.
A pluralidade dos mundos habitados é um dos pilares da Doutrina Espírita (juntamente com Deus, a imortalidade da alma e a lei de causa e efeito). Antero Ricardo, licenciado em Medicina Tradicional Chinesa, levou o público a uma viagem guiada pelo Cosmos, salientando a sua grandeza e o muito que nos falta descobrir sobre a obra da Criação. O Universo como "a Casa do Pai", na qual Jesus de Nazaré disse "haver muitas moradas", ganha assim mais encanto, porque adquire uma dimensão espiritual, habitualmente ausente nas exposições sobre o tema. A "Transição Planetária" foi o tema deste trabalho, que satisfez muitas curiosidades sobre a “crise de crescimento” que a Terra atravessa, em termos sociais, geológicos e ambientais.
Reinaldo Barros, professor, falou sobre o “Futuro da Educação”, em mais uma palestra rica de conteúdo para espíritas e não-espíritas (e a audiência das Jornadas mais uma vez contou com ambos).
Mesmo à distância, Ângela Moraes, do Brasil,
participou do evento
Em Óbidos, onde por estes dias de Páscoa estão patentes ricas representações pictóricas antigas da Paixão de Jesus, esta conferência centrou-se na atualidade dos ensinamentos do Nazareno, que a pedagogia contemporânea necessita de descobrir melhor. Educa-se ainda muito para o exterior, pelos impositivos do paradigma materialista vigente. Educar seres imortais é a proposta cristã e espírita.
Do Brasil, embora à distância, participou Ângela Moraes, jornalista, professora universitária e investigadora, que falou sobre a Comunicação Social e o Espiritismo.
Ricardo Di Bernardi (foto), médico homeopata, pediatra, dinâmico trabalhador espírita brasileiro, foi o convidado surpresa, e o último a intervir, encerrando as Jornadas com chave de ouro. Falou do modelo medieval, com a família a assumir-se como responsável quase exclusiva pela educação das novas gerações, e do modelo atual, onde a Sociedade, com as suas múltiplas e nem sempre sadias
influências, secundariza a família. Di Bernardi fez como que um resumo das exposições anteriores, mostrando que é tempo de o Homem despertar para a sua Espiritualidade, em termos positivos, sem misticismos, como é apanágio da proposta filosófica espírita.
Música, Literatura e Poesia também estiveram presentes
A pianista Joana Vieira tocou, na abertura das Jornadas, "Três Sonetos de Petrarca", de Liszt. Puro encanto. Ela voltaria a tocar no encerramento, com igual brilho.
Encantador é também o volume II das Histórias para Ensinar Aprendendo, de Hugo Guinote, oficial da PSP, que tem angariado colaboradores, espíritas e não-espíritas, para estes livros infantis com mensagem edificante e universal. Como acontece com todas as obras espíritas, não têm fins lucrativos, revertendo a receita para a solidariedade social. Inês Guinote é responsável pela parte musical deste projeto e complementou a apresentação com uma das canções. As “Histórias” têm site em http://www.fabulasparaensinar.com/.
Manuela Félix, professora, declamou poesia de autores espíritas e de autores espirituais, ao som da guitarra de Reinaldo Barros, que também interpretou alguns temas de sua autoria, inseridos no seu disco de música espírita.
Transmissão pela Internet
Estas Jornadas tiveram transmissão on-line, e os internautas tiveram oportunidade de conversar entre si, com a mesa do evento, e de apresentar questões que foram respondidas nos espaços de debate, a par com as perguntas do público presente no Auditório. Os trabalhos apresentados estão disponíveis no site http://adeportugal.org/
MÁRIO CORREIA
Revista O Consolador
Ano 5 - N° 207
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